A ideia era 3-4 dias de sossego e tranquilidade antes de retomar o ritmo de trabalho pós "silly season" e o Gerês pareceu-nos a melhor escolha para os últimos dias de Verão.
Primeiro problema: "Roadbooks".
Eu sei que se trata de um "Parque Nacional", mas tem de haver uns trilhos para 4x4 acessíveis... Isto é sem acesso condicionado! Pois! Buscas na internet, consultas a amigos e... Nada!
Decidimos ir à aventura, depois de ter dado uma olhadela no Google Earth.
Usámos como base a pousada de S. Bento da Caniçada, onde além do serviço eficiente, do ambiente acolhedor e da requintada gastronomia regional, nos indicaram os Pontos de Interesse da zona e simpáticamente explicaram como lá chegar.
Antes de mais, uma recomendação a quem queira fazer o mesmo: cuidado com as vacas na estrada, nas ruas, nos trilhos... Elas estão por todo o lado!
E sempre na companhia das vacas, tivemos oprtunidade de facilmente visitar as belezas da região, como a maravilhosa Cascata do Arado.
Os mais aventureiros poderão subir as escarpas e descobrir as bacias de àguas cristalinas mas gélidas a montante da cascata.
Dali subimos um pouco mais até à Pedra Bela, onde Torga é relembrado. Foi depois disso que descobrimos o primeiro trilho não condicionado. Seguimo-lo no sentido descendente, um pouco abaixo da Pedra Bela, passando por uma casa abrigo e chegando até à bifurcação para as Caldas do Gerês. Esse trilho está razoávelmente limpo, mas é um pouco irregular com zonas de cascalho solto, sem no entanto obrigar a qualquer cruzamento de eixos. Demasiado fácil para qualquer Land Rover.
Visitámos a Barragem de Vilarinho das Furnas, onde vale a pena apearmo-nos para visitar a antiga povoação submersa e apreciar a fantástica paisagem.
Atravessámos a Mata da Albergaria, que por sorte tinha entrada livre naquele dia. Os vestigios romanos são múltiplos e acompanham todo o percurso, recordando-nos a magia milenar daquelas pedras e a importância de preservar os landmarks oferecidos pela Natureza para guiar os homens nas encruzilhadas da sua existência.
Fazendo mais alguns kms (necessáriamente por estrada) visitámos a Ponte da Nizarela. Nesse lugar misterioso, onde a Mãe Natureza explode com diabos e feiticeiras, acolhendo cultos de fertilidade e iniciações tão antigos como o próprio Homem; existe uma ponte que de tão singular se diz não ter sido erguida por mão humana.
Para usufruir de tudo o que o Gerês tem para nos oferecer, é necessário fazer também muita estrada. Foi assim que chegámos à lindíssima e perservada aldeia de Ermelo.
Aí encontramos parte sobrevivente do Mosteiro de Ermelo, da ordem de Cister, de arquitectura românica, exibe uma rosácea lavrada e colunas com capiteis decorados com elementos da Natureza.
Vale a pena parar e percorrer a pé as ruas da aldeia, saboreando o silêncio e a paz que ali se goza. Naquele lugar o silêncio ouve-se e invade-nos a alma.
A vida destas gentes é dura, com um clima castigador, vivendo de acordo com os ciclos da Natureza, por todo o lado vemos o testemunho do seu labor.
É assim no Soajo onde apreciámos o mágnífico ajuntamento de espigueiros comunitários, que do alto da lage contemplam as serranias envolventes.
Atravessámos a serra passando pelo Germil, após o que ainda foi possível percorrer um apertado trilho de campo entre pedras e giestas, muito irregular, cavado de sulcos e valas transversais, transpostos pelo Defender com calma e suavidade e que nos permitiu descobrir os famosos cavalos selvagens - os Garranos.
As extensões são grandes mas não podiamos deixar de visitar o lugar mágico de Pitões das Junias, com a sua mística Abadia Beneditina de Santa Maria da Osseira.
Foi um passeio fantástico, em que mais uma vez o nosso Defender permitiu-nos de tudo desfrutar sem quaisquer sobressaltos.
Ficou a vontade de voltar!
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